segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Minha Bio

Que não pareça clichê. Mas, eu não escolhi a Biologia, foi ela quem me escolheu. Passei  a minha vida pensando em centenas de coisas que poderia ser quando crescer (tá bom, ficar mais velha); meus sonhos nunca tiveram limites, foi muito além de tudo que estava próximo de mim, eu sempre acreditei neles e por tanto tempo não tive dúvidas de que se tornaria todos reais. Só que finalmente a gente "cresce", infelizmente se depara com a triste e difícil realidade. Mas ainda podemos esperar muito para ver oque acontece no fim da história, por enquanto vou adiantando logo o início das minhas primeiras escolhas...

-Bailarina.

-Porquê não mãe? quero fazer balé! Olha como fico na ponta dos pés?!!!
Foi minha primeira e sábia profissão. Quando criança tinha a sensação que um dia seria capaz de voar, e toda vez que via aquelas mulheres com passos tão leves, saltidando, achava eu que a qualquer momento elas iriam alcançar um voo, flutuando no ar como uma borboleta. É certo que eu também assistia muito desenho de princesas para tal imaginação, mas não deixou de ser uma boa profissão, foi esse meu primeiro pensamento talvez improvável é claro de querer ir longe.

Devo ter passado muito tempo mesmo  assistindo televisão, me recordo como se fosse hoje de meus desenhos, aqueles rabiscados no papel, odiava desenhar com lápis de cor sempre gostei do lápis cinza normal e foi com eles minha primeira arte na velha e boa folha de caderno de desenho, estava perfeito era o Pokemon mas bem feito que eu já tinha visto. É estranho isso mas a medida que vou escrevendo vou lembrando daquele rabisco, o Ash , Misty e Pikachu, vou vizualizando cada detalhe dos três juntos andando... A partir daí eu tinha certeza que queria desenhar. Não quero imitar o Pequeno Príncipe mas assim como no livro fui desacreditada do meu potencial, continuei tentando até quando tudo começou a se complicar e assim meus lápis e cadernos foram todos para dentro do velho balaio. 


Nunca diminua um potencial que uma criança acha que tem isso me custou anos de dúvidas sobre oque eu faria um dia na vida. Já estava prestes a completar 14 anos e não chutava nem uma opção se quer, nessa época eu pintava muito, quase nunca falo sobre esse período de minha vida, talvez não fosse interessante falar para os outros que eu passava a tarde inteira quando chegava da escola pintando panos; o melhor é que nunca tinha entrado em nenhum curso ou sei lá oque de pintura, certo dia apenas pedi para minha mãe que comprace tintas e alguns pincéis, agradeço a ela hoje por ter agreditado no meu futuro talento. Então comecei a pintar, como não fazia nenhum curso achava que todos criticariam minhas pinturas até que uma vizinha chegando na minha casa viu uma e pediu para que eu fizesse um pano de prato pintado para ela, depois disso me tornei vendedora de panos com pintura, saiam melhor que a encomenda, todos bem pintados e com boradados de crochê que eu mesma fazia.

Essa sim foi minha primeira profissão remunerada.

É primeiro ano, aquele ano que professores e pais começam a perguntar oque queremos fazer quando terminar o ensino médio. Poxa, era tão difícil de entender que eu ainda não tinha escolhido direito?! passou tanta coisa na minha cabeça, eu assistia um filme e pensava uma coisa, lia um livro e mudava de opinião. Quando minha irmã passou no vestibular ela começou a conversar mais comigo sobre isso, assim tive mais dúvidas ainda, decidi que faria o vestibular para publicidade.

Nesse meio tempo mudei de ideia.
Me irritava ouvir a professora perguntando enquanto um respondia de um lado "quero fazer medicina" e do outro "direito" aí vinha o resto quase todo a turma "enfermagem". E você Isa vai fazer oque? (como se fosse bem fácil querer e poder), "Vou ser cabeleleira, assim como meu irmão!" foi inevitável o olhar de esnobe  da professora que depois disso quase não parou de repetir o que quase todo mundo já dizia, aquele papinho de que eu era uma menina inteligente, que deveria tentar fazer outra coisa e blábláblá.

Esse dia é importante, repare, foi minhas primeiras manifestações relacionadas ao meio ambiente.

Era tarde, quase escurecendo e eu e meu amigo (do qual eu tinha muito orgulho por ele querer fazer gastronomia) estávamos sentados em frente a minha casa falando justamente sobre oque iríamos fazer da vida, logo percebemos que havia um cano quebrado na rua e encostamos perto daquele poço de água que ficou na rua, a água estava tão cristalina que nos perguntamos se ela tava vindo mesmo do cano ou era das profundezas da terra. Realmente a água estava divina, com aquela cara de que mataria a sede de qualquer um. Meu amigo olhou pra mim e começou a falar que tanta gente daria tudo para tomar uma água daquela e eu concordava fazendo complementos a fala dele; Foi quando pegando um pouco de água com a mão ele olhou pra mim e disse: -Vai?
Bebemos aquela água que tava na rua como se fosse a última de nossas vidas, falando agora me dá vontade de rir e ao mesmo tempo de chorar, a gente pegava a água com mão e levava a boca sem se importar com qualquer coisa de contaminação. Diante desse acontecimento nos revelamos "ecologicamente corretos", e eu iria fazer engenharia ambiental. Só que meu amigo empolgava, não podia passar em frente a um mato que ele queria me fazer comer.

Certamente o 1ª ano, foi o melhor ano de escola.


p.s: Não vou falar aqui sobre o sonho de fazer Moda.

Mudei de escola, mudei de cidade e mudei de profissão. Lá vai eu seguindo os conselhos do meu pai, fazendo um curso técnico em enfermagem. 

Nunca pensei que gostaria tanto. A primeira aula do curso, tudo sobre Florence Nightingale, aquela mulher era fantástica e eu queria poder um dia ajudar os outros como ela. Continuei no curso e meu primeiro contato com a profissão foi apaixonante, era tudo muito corrido no hospital mas sempre dava tempo de ouvir aquelas vozes que gritavam de longe agradecendo enquanto a gente corria para atender outro paciente. Então eu realizei tantos sonhos de uma vez só, me tornei uma artista. Praticava a arte do cuidar.  Queria ir mais longe, queria a arte do curar. Assim meus fins de ensino médio eu já tinha uma profissão, eu iria ser médica, ou melhor oncologista (um dia comento sobre esse desejo).

Ninguém tirava mais isso da minha cabeça.

Fiquei sabendo que para passar em medicina precisava saber muito sobre biologia, comecei a estudar biologia, comecei a gostar tanto que era a única matéria que eu estudava, tirava as melhores notas nas provas que todo mundo considerava difíceis, eu aprendi biologia. 
No fim do ano não me senti totalmente preparada para fazer o vestibular para medicina e coloquei Biologia como uma das opções, oque surpreendeu a todos. Na verdade foi aquele impulso, aquela vontade de ser aprovada em algo junto com o medo a frustração de ser reprovada.

Antes de começar a cursar Ciências Biológicas tinha voltado a estudar para fazer outros vestibulares, minha mente ia se abrindo a medida que eu estudava e conversava com minha irmã, acabei através dela tendo muito contato com acadêmicos doutores que me proporcionaram uma outra visão de muita coisa. Passei a ler livros diferentes ou os mesmos com um outro olhar e minha mente ia se abrindo cada vez mais. Comecei a ser contra muita coisa e ser "capaz de tremer de indignação a cada injustiça cometida no mundo" Che Guevara. Estava a ponto de prestar o vestibular para Ciências Sociais.


Entrei no curso de Biologia.

Hoje dia 3 de setembro do 2012, dia do biólogo. Me sinto muito feliz e é inexplicável a forma como me apaixona cada dia mais pela Biologia, ela que explica tudo desde o início de uma vida ao equilíbrio de todas. Aos poucos fui descobrindo que existe outras formas de chegar onde eu quero e uma delas é estudando biologia.

Não sei como será o fim da história, mas desde já agradeço a Minha Bio, por me fazer acordar todos os dias muito cedo mas satisfeita por saber que cada dia é um passo a mais para me tornar uma bióloga. Sempre achei muito bonito quem sabe oque quer ser da vida, mas acontece que raramente  a gente realmente sabe, podemos achar, mas é depois de experimentar que podemos ter um pouquinho de certeza, como a que eu tenho agora.

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