quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Noites sem estrelas

            Não foi muito fácil deitar na cama e não enxergar nenhum estrela no céu, minha vida sempre foi admirar estrelas, cada uma com seu singelo significado. As estrelas para mim eram como pessoas; algumas no começo se limitavam a mostrar todo seu brilho, era preciso cativa-las para compreender o quanto grande poderia ser sua luz; outras já vinham brilhando ao meu encontro, com uma grande intimidade, mostrando quão luminosa minha vida poderia se tornar com ela; algumas simplesmente mudavam suas formas de emitirem luz; havia aquelas que de tão perfeitas eram poucas, aquelas que se encontra poucas vezes durante a vida, essas passam rápido, mas deixam nossos desejos realizados; com o tempo descobri que muitas que brilhavam nem eram estrelas de verdade; e as que não me chamavam atenção por sua falta de luminosidade, foram as que mais me surpreenderam, por sua capacidade de controlar o brilho; entre todas jamais me esquecerei da pequena solitária que era a primeira a aparecer, de muitas formas a julguei: primeiro ela me parecia ser individualista até de egoísta já a chamei, logo mais fui entendendo seus motivos de solidão, por muito tempo ela tentou ser igual as outras, mais se cansou ou se decepcionou, isso eu nunca pude realmente saber. A observei por muito tempo, fui desvendando seus detalhes maravilhosos, pequenos detalhes que ao olhar para o céu ninguém nota, para mim se tornaram tão importantes que essa pequena estrela passou a ser única no universo, e é dela de que tanto sinto falta.
         Eu que esperava com tanta ansiedade que a noite chegasse para encontrar meu mundo, nos últimos anos almejo por uma manhã que não continue sendo noite, por uma noite que o céu esteja estrelado, e por uma estrela que venha com seu poderoso brilho curar essa minha cegueira. Assim, eu continuo minha vida, com minhas noites sem estrelas e agora para mim as pessoas são como estrelas.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O sapinho de Plástico

 Quando completei seis anos, ganhei um ursinho de pelúcia, não sei quem me deu ao certo, mais não era um presente caro, logo se via que a pelúcia não era das melhores, então continuei abrindo os presentes, no meio de tantos mais caros e com marcas famosas o ursinho tinha sido o único que me impressionara; depois de abrir todos os presentes comecei a guarda-los, quase todos foram para o guarda-roupa de onde nunca saíram, deixei apenas o ursinho em cima da cama, mas não dei muita importância a ele; de princípio o chamei de Dexter pois era apenas mais um urso, no dia seguinte acordei abraçada com meu novo ursinho, então  passei a chamá-lo de Carinhoso; depois passei todos  os dias a chamá-lo com  nomes diferentes , com forme eu estava me sentindo eu gritava com ele algo do tipo: kimi raikkonen, Dick Vigarista, Mankley... E quando ia me despedir dele usava nomes como: Dinkwink, Baby Dinossauro, Dunga... Assim ele passou a ser meu fiel companheiro e lhe atribuí o nome fixo de : Madruga, era o nome perfeito para todas as minhas estações. 

Me afeiçoei  a ele, com ele brincava, almoçava, dormia e se iria na rua com meu pai o ursinho estava nos braços,  ele ouviu todas as minhas conversas, participou de todos os meus melhores e piores momentos da  infância. Os anos se passaram e meu ursinho foi ficando velho e rasgado. Chegou o meu primeiro dia de aula, minha mãe me arrumou toda para me levar, e lá estava eu com cabelos arrumados, toda uniformizada, mochila nas costas e Madruga nos braços; então minha mãe com a voz suave me disse que havia chegado a hora de deixar um pouco meu ursinho, eu chorava e ela chorava comigo  tentando me explicar que Madruga não poderia ir comigo, que era o momento de ir para a escola. Minha cabeça entendia, mas meu coração não aceitava. Foi minha primeira e mais difícil escolha, de um lado via  meu ursinho que simbolizava anos de minha inocência, meninice e despreocupação; do outro minha mãe que sofria comigo.

De mãos dadas, minha mãe e eu seguimos para a escola, apenas me lembro de saber que depois daquele dia nada mais seria como antes... 

Foi a primeira de muitas outras coisas que com o passar do tempo tive que deixar. Essa história foi baseada  em um pequeno texto que li quando tinha meus 7 anos, o texto que achei sozinha foleando os livros que havia na minha casa, o seu título era : " O sapinho de plástico ", todos os dias levava o livro para a escola comigo e tinha muita vontade de o ler na sala no horário de leitura, nunca tive coragem, colocava a culpa em minha visão dizendo que toda vez que lia escorria lágrimas de meus olhos, isso realmente acontecia, eu só não sabia que já me emocionava desde novinha, também percebi que talvez ninguém sentiria oque eu sentia . Deve ser por isso que me emociono tanto lendo, e por causa desse pequeno texto que sempre me preocupei com esses seres inanimados e as vezes sinto que eles tem sentimentos, parece que uma colher vai ficar sentida se eu pegar a outra, por esses motivos dou muito valor a eles, tenho ciúmes de meus objetos e textos,  e muito medo de ter que deixá-los. Mas isso sempre acontece, porque é preciso seguir em frente.