Não foi muito fácil deitar na cama e não enxergar nenhum estrela no céu, minha vida sempre foi admirar estrelas, cada uma com seu singelo significado. As estrelas para mim eram como pessoas; algumas no começo se limitavam a mostrar todo seu brilho, era preciso cativa-las para compreender o quanto grande poderia ser sua luz; outras já vinham brilhando ao meu encontro, com uma grande intimidade, mostrando quão luminosa minha vida poderia se tornar com ela; algumas simplesmente mudavam suas formas de emitirem luz; havia aquelas que de tão perfeitas eram poucas, aquelas que se encontra poucas vezes durante a vida, essas passam rápido, mas deixam nossos desejos realizados; com o tempo descobri que muitas que brilhavam nem eram estrelas de verdade; e as que não me chamavam atenção por sua falta de luminosidade, foram as que mais me surpreenderam, por sua capacidade de controlar o brilho; entre todas jamais me esquecerei da pequena solitária que era a primeira a aparecer, de muitas formas a julguei: primeiro ela me parecia ser individualista até de egoísta já a chamei, logo mais fui entendendo seus motivos de solidão, por muito tempo ela tentou ser igual as outras, mais se cansou ou se decepcionou, isso eu nunca pude realmente saber. A observei por muito tempo, fui desvendando seus detalhes maravilhosos, pequenos detalhes que ao olhar para o céu ninguém nota, para mim se tornaram tão importantes que essa pequena estrela passou a ser única no universo, e é dela de que tanto sinto falta.
Eu que esperava com tanta ansiedade que a noite chegasse para encontrar meu mundo, nos últimos anos almejo por uma manhã que não continue sendo noite, por uma noite que o céu esteja estrelado, e por uma estrela que venha com seu poderoso brilho curar essa minha cegueira. Assim, eu continuo minha vida, com minhas noites sem estrelas e agora para mim as pessoas são como estrelas.